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abertura dos olhos
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Abertura dos olhos


Abertura dos Olhos

 

Escrito por Os Escritos de Nitiren Daishonin, vol. 4, pág. 197.

 

Nitiren Daishonin experimentou uma série de adversidades na inóspita Ilha de Sado, a condição precária de sua cabana não o protegia do vento nem da neve, faltava-lhe alimentos, roupas e materiais para escrita. Além de seu sofrimento físico, ele ficou profundamente abalado ao saber que vários de seus seguidores de Kamakura haviam abandonado a fé. Sentindo que a morte constantemente o ameaçava, Daishonin redigiu este tratado com o propósito de encorajar seus discípulos como se fosse seu último desejo e testamento. O título “Abertura dos olhos” significa capacitar as pessoas a enxergarem a verdade. Em outras palavras, libertá-las das ilusões e das visões distorcidas e despertá-las para que compreendam o correto ensino e seu correto mestre. Nitiren Daishonin cita essa frase do Sutra Contemplação da Mente-Solo para elucidar a Lei de Causa e Efeito, que é o conceito central do budismo. O importante desta citação é o aspecto de que o momento presente em que vivemos decide todo o futuro. Os efeitos do presente se devem às causas do passado e os efeitos futuros surgem a partir das causas que fazemos no presente. Portanto, embora as causas feitas no passado tenham definido o nosso presente, é no momento presente que se define o nosso futuro. Em outras palavras, o budismo ensina que não podemos deixar que as causas passadas definam o nosso futuro. O propósito dos ensinamentos do budismo está em ressaltar que, seja quais forem as causas passadas, podemos construir um futuro brilhante por meio das causas que fazemos hoje, transformando definitivamente o nosso carma. O Budismo de Nitiren Daishonin não se limita ao conceito superficial de causa e efeito, de castigo e recompensa, mas, sim, revela a natureza real da causalidade e a forma como podemos recuperar o estado de pureza da vida existente desde o infinito passado. O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, afirmava o seguinte: “Nesta época em que vivemos, precisamos de um ensino que nos possibilite, como pessoas comuns que somos, romper os limites desse princípio de causalidade expostos nos ensinos pré-Sutra de Lótus e revelar nossa natureza de Buda inerente. Foi Nitiren Daishonin que, em resposta a essa necessidade, estabeleceu um ensino que nos permite romper as correntes do carma criado em existências passadas e moldar com nossas próprias mãos um destino brilhante e positivo no presente. Daishonin estabeleceu a Lei tal como estava descrita no Sutra de Lótus exposto por Sakyamuni, de uma maneira muito semelhante a um engenheiro que constrói um avião a partir de projetos, possibilitando às pessoas comuns, em seu cotidiano, romperem os limites de suas causas passadas e retornar ao passado inescrutável do tempo sem início. Em outras palavras, devotar nossa vida à Lei Mística e orar o Nam-myoho-rengue-kyo representam o caminho para mudar nosso destino para melhor”. (Terceira Civilização, edição no 433, setembro de 2004, pág. 18.) Portanto, é neste exato momento que temos a oportunidade de provocar mudanças que irão refletir efeitos positivos em nossa vida assim como em nosso ambiente. Em outro trecho desse escrito, consta: “É pelos benefícios obtidos de proteger a Lei que essas pessoas podem, nesta existência, diminuir seus sofrimentos e os efeitos de causas passadas”. (END, vol. 4, pág. 202). Essa afirmação nos faz refletir sobre a importância da prática budista. Se a nossa fé brilhar vigorosamente, nunca falharemos em obter o caminho para um grandioso futuro. A chave para criarmos as mais elevadas causas surge a partir do momento em que tomamos fé no Gohonzon e nos dedicamos em prol do Kossen-rufu. Nesse instante, seremos capazes de abrir a porta para um futuro de ilimitada boa sorte. Portanto, independentemente das nossas circunstâncias no presente momento serem boas ou más, devemos nos levantar com a determinação de não sermos derrotados com a convicção de que tudo começa a partir de agora. Assim, poderemos comprovar a prova real do ilimitado potencial da Lei Mística. Eis o verdadeiro propósito da fé no Budismo de Nitiren Daishonin conhecido como o Budismo da Verdadeira Causa. Em um trecho do Diálogo sobre a Sabedoria do Sutra de Lótus, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, afirma: “O ‘começo’ é exatamente agora. O passado já se foi. O futuro ainda não chegou. Tudo que existe é o momento presente. E o presente torna-se passado num instante. A vida continua de momento a momento. Sentimo-nos felizes num momento, mas no instante seguinte nos encontramos em aflição. É importante considerarmos a própria vida no presente momento como a ‘causa’ para criarmos os efeitos futuros”. (Brasil Seikyo, edição no 1.579, 11 de novembro de 2000, pág. A3.) Assim, empenhando-nos firmemente na prática budista a partir da determinada recitação do Daimoku, trilhando o caminho da unicidade de mestre e discípulo, podemos realizar sem falha nossa revolução humana, aprimorando a própria personalidade e o senso de humanismo. Um modo de vida embasado nesta decisão e oração possibilita romper a escuridão fundamental de nossa vida, interrompendo o ciclo interminável de um mal que gera outro e, consequentemente, transformando o carma negativo. Em um discurso, o presidente Ikeda afirma: “O carma negativo é abarcado pelo mundo do estado de Buda e purificado pelo seu poder. Usando uma analogia, o surgimento do estado de Buda é como o nascer do sol. Quando o sol desponta no leste, as estrelas que até então brilhavam intensamente no céu noturno, em questão de instantes, desaparecem, como se não tivessem existido”. (Terceira Civilização, edição no 433, setembro de 2004, pág. 18.) Termo e Denominação: Sutra Contemplação da Mente-Solo: Sutra que explica que os estados de Buda, bodhisattva, pratyekabuddha, arhat e ouvinte originam-se da mente das pessoas comuns. Por isso, esse sutra compara a mente ao solo, que produz o grão. O sutra também explica sobre os quatro débitos de gratidão — aos pais, a todos os seres, ao soberano e aos três tesouros — e louva os benefícios da observação da mente.

 

Abertura dos Olhos - Parte 2

Gosho - Explanação do presidente Ikeda
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1367, PÁG. 3, 18 DE MAIO DE 1996.


O Buda ilumina o mundo com a luz das Três Virtudes 



[Eu, Nitiren, serei o soberano, o mestre, o pai e a mãe de todos no Japão. Mas os homens da seita Tendai (que não refutam as seitas heréticas) são todos grandes inimigos do povo. Conforme observou Chang-an1, “Aquele que torna possível ao ofensor livrar-se do mal, está agindo como um pai para ele”. 

Aquele que não colocou seu coração no Caminho jamais poderá livrar-se dos sofrimentos do nascimento e da morte. (END, vol. II, pág. 177.) 


1. Em sua anotações sobre o Sutra Nirvana.] 


A justiça é como o Sol. Uma sociedade que carece de justiça é como se estivesse envolta pelas trevas. Ninguém pode evitar que o Sol nasça. Nenhuma nuvem pode esconder os raios do sol indefinidamente. “Abertura dos Olhos” significa fazer com que aqueles que estão imersos nas trevas reconheçam a existência do Sol da justiça. 

Nitiren Daishonin diz que ele é “soberano, mestre, pai e mãe de todos no Japão”. As três virtudes de soberano, mestre e pais indicam o estado de vida, brilhante como o Sol, de uma verdadeira pessoa de justiça. 

Uma passagem da escritura “Retribuição aos Débitos de Gratidão” vem imediatamente à mente: 

Se a benevolência de Nitiren for realmente grande e abrangente, o Nam-myoho-rengue-kyo propagar-se-á por dez mil anos e mais, por toda a eternidade, pois este possui o poder benéfico para abrir osolhos cegos de todos os seres vivos do país Japão e bloquear a estrada que leva ao inferno de incessante sofrimento. (END, vol. II, pág. 91.) 

Nitikan Shonin interpreta esta passagem como referindo-se às três virtudes de Nitiren Daishonin. “Se a benevolência de Nitiren for realmente grande e abrangente, o Nam-myoho-rengue-kyo propagar-se-á por dez mil anos e mais, por toda a eternidade”, indica a sua imensa benevolência, ou sua virtude como pais. “Possui o poder benéfico para abrir os olhos cegos de todos os seres vivos do país Japão”, indica o poder de abrir a mente das pessoas ou seus olhos interiores, ou a virtude de mestre. E “bloqueia a estrada que leva ao inferno de incessante sofrimento” indica o soberano que luta para assegurar que as pessoas não caiam na miséria.1 

A escritura “Abertura dos Olhos” inicia com a passagem: “Existem três espécies de pessoas que todos os homens e mulheres devem respeitar. São o soberano, o mestre e os pais.” (END, vol. II, pág. 61.) O propósito dessa escritura é esclarecer as três virtudes de soberano, mestre e pais. É Nitiren Daishonin quem possui perfeitamente todas as três virtudes. 

Num sentido geral, o soberano, o mestre e os pais devem ser considerados — colocando-se em termos modernos — como os três atributos necessários aos líderes. 

A virtude de soberano está em proteger as pessoas; esta virtude corresponde ao inabalável senso de responsabilidade. A virtude de mestre está em guiar as pessoas; esta é a brilhante sabedoria de guiar as pessoas ao longo do caminho da felicidade. E a virtude de pais está em educar afetuosamente as pessoas, se praticada rigorosamente, é uma benevolência repleta de calor humano. 

Senso de responsabilidade, sabedoria e benevolência — não são essas as qualidades mais importantes para os líderes e para todas as pessoas? Se mesmo uns poucos líderes possuíssem esses três atributos, isto contribuiria imensamente para tranqüilizar as tensões e para a felicidade geral da humanidade. Mas o fato é que as tendências de muitos líderes da humanidade são justamente opostas. 

A antítese da virtude de soberano é a irresponsabilidade. Temos líderes que se conduzem de maneira grandiloqüente mas que inescrupulosamente evitam direcionar ativamente as questões difíceis com o raciocínio de que “alguém mais cuidará disso” ou que “as coisas de alguma forma se arranjarão”. Eles ordenam outras pessoas ao redor e então tentam esquivar-se das responsabilidades. Muito embora tenham a aparência de líderes, não se qualificam como tais, carecendo do requisito virtude. 

O capítulo “Revelação da Vida Eterna do Buda” (16º) do Sutra de Lótus explana as três virtudes do ensino essencial. “Esta, minha terra, permanece segura e tranqüila” (LS 16, pág. 230.) indica a virtude de soberano. Um soberano trabalha resolutamente para assegurar a paz e a tranqüilidade da terra ou da comunidade pela qual é responsável. 

A passagem “Venho ensinando a Lei continuamente.” (LS 16, p/ag. 229.) refere-se à virtude de mestre. Conforme indicado pela palavra “continuamente”, quer dizer sem pausa ou interrupção. Um mestre usa sua voz contínua e irrestritamente para ajudar os outros. 

A virtude de pais é indicada pela estrofe “Eu sou o pai deste mundo” (LS 16, pág. 231.) Pais são aqueles que amam as pessoas porque elas são filhas do Buda que um dia se tornarão budas e que empreendem ações em seu nome. 

Os líderes também devem ter a habilidade de fornecer treinamento, proteção, orientação e instrução. Quando alguém possui um problema, é preciso fornecer a orientação bem como a instrução necessária. Assim fazendo, podem assegurar que as pessoas não fiquem num beco sem saída. 

Um líder genuíno protege as pessoas quando elas estão cansadas, e as nutre fornecendo-lhes treinamento apropriado ao seu nível de desenvolvimento. Se é dado um rigoroso treinamento às pessoas nas circunstâncias em que elas necessitam de proteção, elas se perdem. Se elas são excessivamente protegidas e mimadas quando necessitam de proteção, elas pararão de crescer. 

Sob esse aspecto, se nos arriscarmos a relacionar esses atributos desejáveis dos líderes às três virtudes, pode-se dizer que a habilidade de proteger corresponderia à virtude de soberano, a habilidade de fornecer orientação e instrução à virtude de mestre, e a habilidade de fornecer treinamento à virtude de pais. Em suma, a determinação, a oração e a força de auxiliar as pessoas a tornarem-se felizes sem falha são a chave para uma notável liderança. 

Em relação à caracterização (na escritura “Retribuição aos Débitos de Gratidão”) da virtude do soberano como “bloquear a estrada que leva ao inferno de incessante sofrimento”, Nitikan Shonin lembra: “Como poderia a abertura ou o fechamento de estradas ser deixado a um seguidor? [Questões dessa importância devem ser atendidas pelo soberano.] A virtude do soberano está em fechar “os caminhos da maldade” e abrir “os caminhos da bondade”. 

“Gostaria de fechar o caminho que conduz ao Inferno.” Este foi o espírito com que Jossei Toda, o segundo presidente da Soka Gakkai, declarou sua absoluta oposição ao uso das armas nucleares: “Qualquer um que ameaça o direito à vida é um demônio, um ser diabólico e um monstro.”2 Fechar resolutamente o caminho da guerra e abrir o caminho da paz — esta é a virtude do soberano e a responsabilidade dos líderes. 

A SGI, como verdadeira herdeira do budismo de Nitiren Daishonin, desbravou o caminho pela paz de todo o globo. Há vinte anos, quando a China e a União Soviética estavam em conflito e os americanos e os soviéticos estavam envoltos na Guerra Fria, quem teria imaginado o estado do mundo hoje? A Soka Gakkai, a despeito de todas as tempestades de críticas, bravamente empreendeu ações para fechar o caminho da confrontação e desbravar o caminho da amizade. 

“Jamais deverá ocorrer a Terceira Guerra Mundial!” Temos orado e empreendido ações com um senso de responsabilidade para que tal calamidade jamais ocorra. Rumo a esse fim, desenvolvemos um movimento de paz, cultura e educação com base no budismo. 

Falando de forma geral, criando uma terra de paz e tranqüilidade — como na passagem “Esta, minha terra, permanece segura e tranqüila” — indica a virtude de soberano. A educação representa a virtude do mestre. E a cultura, por cultivar e desenvolver as vidas interiores das pessoas, relaciona-se à virtude de pais. Estamos estendendo esse caminho das três virtudes em todo o mundo. 

Estamos desbravando um caminho. E uma vez que esse caminho é aberto, aqueles que vem posteriormente podem viajar com serenidade e tranqüilidade. Nitiren Daishonin, como o Buda dosÚltimos Dias da Lei possuindo as três virtudes de soberano, mestre e pais, desbravou o caminho para a iluminação de todas as pessoas. Por isto, a ele devemos nossa eterna gratidão. 

Estender e expandir o caminho que o mestre benevolentemente desbravou é a missão dosdiscípulos. E o caminho que Daishonin desbravou estende-se agora por todo o mundo. Por meio dosesforços dos membros — os maravilhosos Bodhisattvas da Terra — o “grande caminho da felicidade” estende-se agora por 128 países. O sol da justiça começou a levantar-se. Estou absolutamente convicto de que o Buda Original, Nitiren Daishonin, tem a mais elevada estima por aqueles que se dedicam a essa nobre tarefa. 

Na passagem da escritura que estudaremos desta vez, Daishonin diz que os seguidores da escola Tendai são os grandes inimigos das pessoas. Pois, embora cônscios de que o Sutra de Lótus era o mais importante ensino, eles não somente evitaram combater as maldades como tomaram o lado daqueles que perseguiam Daishonin. 

Tsunessaburo Makiguti, presidente fundador da Soka Gakkai, lembrou: “De todas as escolas Nitiren existentes hoje, parece que a Nitiren Shoshu é a que mais se assemelha à escola Tendai da época de Daishonin.”3 

Ele estava exatamente correto. Os membros do clero da Nitiren Shoshu, que repetidamente obstruíram o Kossen-rufu, um sagrado empreendimento pela felicidade das pessoas, são realmente “os grande inimigos das pessoas”. A história tem mostrado a concordância de suas ações com as declarações de Daishonin na “Abertura dos Olhos”. 


Referências: 


1. Kaimoku Sho, Gosho Zenshu, págs. 186-237, escrito em fevereiro de 1272, quando Nitiren Daishonin estava com 51 anos. 

2. Abertura dos Olhos, Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. II, pág. 61. 

3. The Opening of the Eyes, The Major Writings of Nichiren Daishonin, vol. II, pág. 71. 



Nota do Editor: Para efeito de atualização, o presente texto desta escritura contém algumas alterações em relação a publicações anteriores. 



Encontrar perseguições é a maior das honras 


[Sakyamuni foi amaldiçoado por todos os seguidores dos ensinos não budistas e foi taxado como um homem altamente maléfico. O Grande Mestre Tient’ai foi tratado com grande inimizade pelas três seitas budistas do sul da China e pelas sete seitas do norte da China e, em épocas posteriores, o monge Tokuiti da seita Hosso, criticou-o por “usar sua língua de três polegadas para tentar destruir o corpo de cinco pés” do Buda1 . O Grande Mestre Dengyo foi desacreditado pelos monges de Nara, os quais disseram: “Aquele Saityo2 jamais esteve na capital Tang, da China!” Entretanto, todas essas injúrias foram infligidas pela causa do Sutra de Lótus, não sendo portanto, vergonhoso para os homens que a sofreram. Ser elogiado por tolos — essa é a maior vergonha. Agora que fui exilado pelas autoridades, os bonzos das seitas Tendai e Shingon estão indubitavelmente contentes. Eles são homens estranhos e de coração cruel. (END, vol. II, págs. 177-8.) 


1. Sua declaração aparece no Tyuhen Guikyo, que é citado no “Shugo Kokkai Sho” de Dengyo. 

2. Saityo é um outro nome de Dengyo.] 


A justiça certamente encontra perseguições, assim como o Sol certamente é obstruído pelas nuvens. Dificuldades são a prova da justiça. Encontrar perseguições é a maior das honras. 

Mesmo Sakyamuni foi ridicularizado como uma “pessoa de grande maldade”. O Grande Mestre Tient’ai foi assolado pelos abusos das dez poderosas escolas de sua época. E ele ainda foi hostilizado duzentos anos depois; o bonzo Tokuiti da escola Hosso do Japão chegou a dizer: “Que coisa tola você fez, Tiko (Tient’ai). Você caluniou o ensino de Sakyamuni e trouxe confusão ao mundo.”

O Grande Mestre Dengyo foi ultrajado pelas escolas de Nara. Eles diziam: “Enquanto Saityo diz que ele foi à China, ele rapidamente voltou sem ter visitado a capital após estudar por um curto período nas províncias.” 

Tient’ai e Dengyo recebiam essas críticas porque defendiam o Sutra de Lótus, porque divulgavam o clamor pelo retorno ao espírito do Sutra de Lótus e ao espírito de Sakyamuni. Aqueles que não empreendem ações não encontrarão críticas nem calúnias. 

Por outro lado, aqueles que pensam que estão meramente criticando esses grandes mestres — Tient’ai e Dengyo — estão de fato pisoteando o espírito de Sakyamuni. Quanto mais uma pessoa calunia o praticante do Sutra de Lótus, mais estão caluniando o Sutra de Lótus. Além disso, tais indivíduos falham completamente em compreender isso. Ninguém é mais tolo ou deplorável. 

Aqueles que se alegraram quando Daishonin — uma pessoa justa cujas ações estavam exatamente de acordo com o Sutra de Lótus — foi enviado ao exílio e o correto ensino foi atacado, eram completos tolos. 

“Ser louvado pelos tolos — essa é a maior das vergonhas.” O presidente Makiguti fez dessas palavras seu lema. O Sr. Makiguti foi perseguido pelas forças militares e traído pelo clero da Nitiren Shoshu. Mesmo assim, ele riu disso. Explanando sobre “Abertura dos Olhos”, o presidente Toda declarou: 

Com base nessas palavras, o Sr. Makiguti não considerava vergonhoso sofrer críticas ou perseguições em prol do Sutra de Lótus. Ele morreu na prisão por suas crenças porque propagou o Nam-myoho-rengue-kyo das Três Grandes Leis Secretas, a essência do Sutra de Lótus, com a convicção de que ser louvado pelos tolos é a maior das desgraças enquanto que ser louvado pelo maior dos sábios [Nitiren Daishonin] é a maior das glórias. Acredito que ele forneceu o mais importante modelo para todos aqueles que abraçam a fé no budismo de Nitiren Daishonin.4 


E ele clamou aos jovens: 


Na luta pela Lei na era maléfica de Mappo, o desejo de vocês deve ser o de conquistar o louvor de Nitiren Daishonin como jovens brilhantes guerreiros. Para uma pessoa de sabedoria, ser louvado pelos tolos é a maior das desgraças. Ser louvado pelo grande sábio é a maior das honras na vida.5 

Essas palavras, as quais se tornaram lemas tanto do presidente Makiguti quanto do presidente Toda, também são o lemas da Soka Gakkai. Colocar essas palavras douradas em prática é o eterno espírito da Soka Gakkai. 

Vamos, nós da SGI, avançar de uma maneira digna à SGI! Vamos proceder corretamente ao longo deste caminho, ao longo do glorioso caminho Soka! Se as pessoas querem rir, que riam! Se as pessoas querem nos criticar, deixem-nas seguir em frente. Esses indivíduos podem mostrar um caminho para que outros se tornem felizes? Ouvir o que eles têm a dizer aliviará o sofrimento das pessoas? Não, definitivamente, não. 

A Soka Gakkai é como o leão — completamente destemida. É suficiente conduzirmo-nos de maneira que conquistemos o louvor do Buda Original Nitiren Daishonin. As futuras gerações definitivamente celebrarão nossos esforços. 


[Sakyamuni apareceu no mundo saha, Kumarajiva viajou para a China1, na dinastia Chin, e também Dengyo foi à China (tudo porque o Sutra de Lótus precisava ser ensinado e propagado). Os Bodhisattvas Kanadeva e Aryasimha sacrificaram seus corpos. O bodhisattva Yakuo queimou seus braços como oferenda, e o príncipe Shotoku arrancou a pele de seus braços para escrever os títulos do sutra em sangue.2 Sakyamuni, quando era bodhisattva, vendeu sua carne para fazer oferecimentos e, numa outra ocasião, quando era um bodhisattva chamado Gyobo, usou seus ossos como pena para escrever o Darma. 

Tient’ai afirmou que a prática deve “estar de acordo com a época”. A propagação da Lei budista segue realmente as épocas. Pelo que eu tenho feito, fui condenado ao exílio, mas este é um pequeno sofrimento a ser enfrentado nesta presente vida, pelo qual não vale a pena chorar. Em vidas futuras gozarei um grande bem-estar, pensamento esse que me dá imensa alegria. (END, vol. II, pág. 178.) 

1. Kumarajiva aceitou um convite de Yao Hsing, rei da Última Dinastia Ch’in, e foi à capital, Ch’ ang-an, em 401. Lá ele participou da tradução de numerosas escrituras budistas do sânscrito para o chinês. 

2. Uma declaração similar é encontrada em “Shotoku Taishi Den Shiki”, uma obra do sacerdote Kenshin (1130-1192) da seita Tendai .] 

Sakyamuni escolheu nascer no mundo saha, um mundo assolado pelo sofrimento, para expor o Sutra de Lótus. Para traduzir o Sutra de Lótus, Kumarajiva viajou da Ásia Central para a China, suportando muitas dificuldades ao longo do caminho. E na busca pela essência do Sutra de Lótus, o Grande Mestre Dengyo fez a travessia pelos mares traiçoeiros do Japão à China. 

Em cada caso, um grande senso de propósito produziu ações. Um espírito irrepreensível deu lugar às ações. 

O bodhisattva Aryadeva e o louvável Aryasimha, que herdaram o ensino de Sakyamuni, advertiram os governantes malignos e ofereceram suas vidas pelo ensino. Também é sabido que o Bodhisattva Reidos Remédios (Yakuo) queimou seus cotovelos como um oferecimento ao Buda, e que o príncipe Shotoku do Japão retirou a “pele de sua mão” para usar como papel no qual copiou os títulos do Sutra de Lótus. 

Numa existência anterior quando Sakyamuni, como um bodhisattva, estava praticando para atingir a iluminação, vendeu sua própria carne para fazer um oferecimento ao Buda. Numa outra vez, quando era Gyobo Bonji, diz-se que usou sua pele como papel, seu osso como pena e seu sangue como tinta a fim de copiar o ensino do Buda. 

A forma que a prática budista assume difere de acordo com a época. O budismo está “de acordo com a época”, mas o caminho fundamental e o espírito não mudam. O ponto principal é a dedicação sincera à Lei e à felicidade das pessoas. 

A verdadeira Lei foi transmitida graças aos incansáveis esforços dessas pessoas. Foi transmitidas por meio de uma “gama” de indivíduos que empreenderam ações cada qual de acordo com a época na qual viveram. Esta é uma grande realização na história budista. 

Mas Nitiren Daishonin diz que aqueles que propagam a Lei Mística nos Últimos Dias da Lei são muito mais nobres do que os praticantes dos Primeiros e Médios Dias da Lei. Todos vocês são pessoas corajosas e de nobre missão desbravando um caminho que não existia antes, e propagando o budismo de Daishonin em meio às tormentas de obstáculos e calúnias. Daishonin não poderia deixar de louvá-los. Estejamos convictos de que Sakyamuni, o Buda Taho e todos os budas das Dez Direções também elogiam seus esforços para propagar a Lei Mística de uma maneira que está de acordo com os Últimos Dias da Lei. 

Daishonin conclui a “Abertura dos Olhos” com uma nota exultante: “Pelo o que tenho feito, fui condenado ao exílio, mas este é um pequeno sofrimento a ser enfrentado nesta presente vida, pelo qual não vale a pena chorar. Em vidas futuras gozarei um grande bem-estar, pensamente esse que me dá imensa alegria.” Esta é sua grande declaração de vitória espiritual — uma vitória que brilha na história humana. 

Daishonin estava no exílio, completamente sem liberdade. Ele foi confinado à pequena Ilha de Sado, uma espécie de prisão natural. O presidente Toda disse certa vez: “Em termos modernos, o exílio a Sado é comparável a ser banido ao Deserto do Saara.” E mesmo assim, o espírito de Daishonin era o de um rei. Ninguém poderia acorrentar seu coração. Nenhuma espada de perseguição poderia fazer o menor ferimento em seu espírito. 

Com a superioridade do sol de Kuon Ganjo, ele sobreviveu com a mais perfeita compostura às mais violentas tempestades de perseguições, como se estivesse acima disso. 

O orgulho e a convicção de dedicarmo-nos completamente à Lei Mística possibilita-nos também a atingir essa grandiosidade, elevando-nos ao topo dessa glória. Estamos avançando banhados pelos dourados raios do sol da imensa luta espiritual de Nitiren Daishonin. 




1. Ho’on sho Mondan (Comentário sobre “Retribuição aos Débitos de Gratidão”, pág. 438.) 2. Durante o Quarto Encontro Esportivo da Divisão dos Jovens de Tóquio, realizado no Estádio Mitsuzawa, em Yokohama, em 1957. 3. Durante a Quinta Convenção da Soka Kyoiku Gakkai (Sociedade Educacional de Criação de Valor; a precursora da Soka Gakkai) em 1942. 4. Toda Josei Zenshu (Obras Completas de Jossei Toda), vol. VI, págs. 459-60. 5. “Preceitos aos Jovens”, proferido em 1951.